Territórios Do Corpo Arqueométrico: Poder, Doença e Finitude em Bergman
DOI:
https://doi.org/10.34640/ct10uma2025paolaPalavras-chave:
corpo arqueométrico, Bergman, biopoder, necropoder, diabetes tipo 1, intertextualidadeResumo
“Territórios do Corpo Arqueométrico: Poder, Doença e Finitude em Bergman” propõe uma leitura dos espaços físicos, psicológicos e simbólicos dos filmes Morangos Silvestres e Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman, através do conceito de “corpo arqueométrico” (Matos, 2025). Ao articular biopoder e necropoder através do cinema de Bergman, questionamos quem exerce poder sobre o corpo e quem testemunha a sua deterioração: quem o vê, quem o mede e quem administra a morte. Através desta autoetnográfica, reflete-se sobre as oscilações do corpo doente a partir da vivência da autora como pessoa com diabetes tipo 1 e sobre a sua inscrição na experiência constante da medição. O conceito de “corpo arqueométrico” é mobilizado como ferramenta analítica através da luz, da cor, do som e do enquadramento, elementos que operam enquanto métricas sensoriais para ler o corpo doente. A doença crónica ou prolongada apresenta uma relação intrínseca com a temporalidade e com o lugar e valor atribuídos aos corpos doentes. Este enquadramento permite ainda explorar a relação intertextual entre cinema, artes plásticas e performatividade a partir de Pina Bausch, Robert Gober, Michael Landy e da produção artística autoral, estabelecendo diálogos entre corpo, finitude e poder.
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