Territórios Do Corpo Arqueométrico: Poder, Doença e Finitude em Bergman

Autores

  • Grécia Paola Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto - I2aads

DOI:

https://doi.org/10.34640/ct10uma2025paola

Palavras-chave:

corpo arqueométrico, Bergman, biopoder, necropoder, diabetes tipo 1, intertextualidade

Resumo

“Territórios do Corpo Arqueométrico: Poder, Doença e Finitude em Bergman” propõe uma leitura dos espaços físicos, psicológicos e simbólicos dos filmes Morangos Silvestres e Gritos e Sussurros, de Ingmar Bergman, através do conceito de “corpo arqueométrico” (Matos, 2025). Ao articular biopoder e necropoder através do cinema de Bergman, questionamos quem exerce poder sobre o corpo e quem testemunha a sua deterioração: quem o vê, quem o mede e quem administra a morte. Através desta autoetnográfica, reflete-se sobre as oscilações do corpo doente a partir da vivência da autora como pessoa com diabetes tipo 1 e sobre a sua inscrição na experiência constante da medição. O conceito de “corpo arqueométrico” é mobilizado como ferramenta analítica através da luz, da cor, do som e do enquadramento, elementos que operam enquanto métricas sensoriais para ler o corpo doente. A doença crónica ou prolongada apresenta uma relação intrínseca com a temporalidade e com o lugar e valor atribuídos aos corpos doentes. Este enquadramento permite ainda explorar a relação intertextual entre cinema, artes plásticas e performatividade a partir de Pina Bausch, Robert Gober, Michael Landy e da produção artística autoral, estabelecendo diálogos entre corpo, finitude e poder.

Referências

Ackerman, A. (2020). Eisenstein’s screams. In I. Christie & J. Vassilieva (Eds.), The Eisenstein universe (pp. 91–114). Bloomsbury.

Ahmed, S. (2019). A política cultural das emoções (2.ª ed.; M. S. Cardoso, Trad.). Orfeu Negro. (Obra original publicada em 2004)

Bennett, J. (2010). Vibrant matter: A political ecology of things. Duke University Press.

Bergman, I. (Real.). (1957). Morangos silvestres [Filme]. Svensk Filmindustri.

Bergman, I. (Real.). (1972). Gritos e sussurros [Filme]. Svensk Filmindustri.

Carver, L., Allen, J., Cruz, F., Bronze, M., & Francisco, O. V. (2024). Editorial. In HUB: Issue #3 – Metabolic Media, Autumn 2024 (L. Carver & J. Allen, Guest Eds.; F. Cruz, M. Bronze & O. V. Francisco, Eds.). i2ADS – Research Institute in Art, Design and Society. HUB. https://www.researchcatalogue.net/view/3286462/3286463

Deleuze, G. (1989). Cinema 2: The time-image (H. Tomlinson & R. Galeta, Trans.). University of Minnesota Press. (Obra original publicada em 1985)

Ellis, C., Adams, T. E., & Bochner, A. P. (2011). Autoethnography: An overview. Historical Social Research, 36(4), 273–290. https://doi.org/10.12759/hsr.36.2011.4.273-290

Foucault, M. (1999). Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975–1976) (M. B. da Motta, Trad.). Martins Fontes. (Obra original publicada em 1997)

Foucault, M. (2003). História da sexualidade I: A vontade de saber (M. B. da Motta, Trad.). Graal. (Obra original publicada em 1976)

Foucault, M. (2003). “Society must be defended”: Lectures at the Collège de France, 1975–1976 (D. Macey, Trad.). Picador.

Freud, S. (2008). O mal-estar na civilização (A. Cabral, Trad.). Relógio d’Água. (Obra original publicada em 1930)

Instituto Português de Retina. (n.d.). Retinopatia diabética. https://www.institutoderetina.pt/patologias/retina/retinopatia-diabetica/10/

Lefebvre, H. (1991). The production of space (D. Nicholson-Smith, Trad.). Blackwell. (Obra original publicada em 1974)

Marks, L. U. (2000). The skin of the film: Intercultural cinema, embodiment, and the senses. Duke University Press.

Matos, G. (2025). Corpo arqueométrico e necropoder: Espacializações da doença crónica no cinema de Bergman. In Livro de Resumos do Cinema e Território 2025. https://cinemaeterritorio.uma.pt/wp-content/uploads/2025/11/livro_resumos_ct_2025.pdf

Mbembe, A. (2003). Necropolítica. Public Culture, 15(1), 11–40. https://doi.org/10.1215/08992363-15-1-11

Mbembe, A. (2019). Necropolitics. Duke University Press.

Norton Dias, T. (2020). Contribuições para a dialética corpo-mediação a partir do legado de Pina Bausch. Cinema & Território, 1(5), 211–218. https://doi.org/10.34640/UNIVERSIDADEMADEIRA2020DIAS

Pastoureau, M. (2016). Vermelho: História de uma cor (A. F. dos Santos, Trad.). Objectiva. (Obra original publicada em Rouge: Histoire d’une couleur)

Doroshenko, P. (1991). Interview with Dennis Adams. Journal of Contemporary Art, Spring/Summer, 5–11.

Puar, J. K. (2021). O direito à mutilação: Debilidade, capacidade, deficiência (R. S. Silva, Trad.). n-1 edições. (Obra original publicada em 2017)

Radio France. (2020, 2 de novembro). Épisode 1/4 : Le noir à travers les âges, avec Michel Pastoureau [Podcast]. La Compagnie des Œuvres. https://www.radiofrance.fr/franceculture/podcasts/la-compagnie-des-oeuvres/le-noir-a-travers-les-ages-6611725

SNS24. (2025). Rastreio da retinopatia diabética. https://www.sns24.gov.pt/tema/prevencao-e-cuidados-de-saude/rastreio-da-retinopatia-diabetica/

Sobchack, V. (1992). The address of the eye: A phenomenology of film experience. Princeton University Press.

Vallejo, I. (2021). O infinito num junco. Bertrand Editora.

Downloads

Publicado

2025-12-18

Como Citar

Paola, G. (2025). Territórios Do Corpo Arqueométrico: Poder, Doença e Finitude em Bergman. Cinema & Território, 1(10), 215–236. https://doi.org/10.34640/ct10uma2025paola

Edição

Secção

Encontro Internacional Cinema & Território

Categorias