Paisagens da Amazônia e representações indígenas na produção cinematográfica brasileira "Ajuricaba: o rebelde da Amazônia" (1977)

Autores

  • Naiara Leonardo Araújo Universidade Federal de Santa Catarina-Brasil, Programa de Pós-Graduação em História Global-Doutorado

DOI:

https://doi.org/10.34640/universidademadeira2021araujo

Palavras-chave:

cinema brasileiro, Amazônia, Manaus, Ajuricaba

Resumo

No presente artigo, destacaremos o filme Ajuricaba – o rebelde da Amazônia, a fim de refletir sobre como os indígenas Manaus e seu personagem mítico Ajuricaba, bem como as paisagens da Amazônia e seus significados incorporados, são representados numa narrativa que se alterna entre o século XVIII e o presente. Ao ter a sua história relembrada na narrativa fílmica que se conecta com o presente o filme destaca “certas continuidades históricas”, conforme anuncia Shohat e Stam (2006), as quais buscaremos analisar. No filme, é também simbólica a representação desses espaços da Amazônia e a sua relação entre o urbano e o não urbano. Essas paisagens e suas reproduções permanecem vinculadas, de acordo com Aumont (1995), àquilo que se encontra dentro
do campo e traz indícios do que está fora de campo. Essas paisagens que se encontram dentro do campo deixam de ser apenas imagens para adquirir significados e se transformar em espaços imaginários, simbólicos e sensíveis (Martin, 2003). Nesse sentido, tanto as paisagens da Amazônia quanto o personagem Ajuricaba se transformam em símbolos não mais de um indivíduo particular e espaço específico, mas de todo guerreiro que resiste à
opressão, assim como resiste a Amazônia com suas riquezas naturais.

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Publicado

2021-12-17

Como Citar

Leonardo Araújo, N. (2021). Paisagens da Amazônia e representações indígenas na produção cinematográfica brasileira "Ajuricaba: o rebelde da Amazônia" (1977). Cinema &Amp; Território, (6), 135–150. https://doi.org/10.34640/universidademadeira2021araujo

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