Viagem, fronteira e heterotopia: formulações espaciais para dois encontros entre etnografia e cinema
DOI:
https://doi.org/10.34640/universidademadeira2021silvanoPalavras-chave:
João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, antropologia visual, cinema, desterritorialização, viagem, heterotopia, MacauResumo
Nos anos 1997 e 1998 acompanhei as rodagens dos filmes Esta é a minha casa e Viagem à Expo de João Pedro Rodrigues e, em 2010, uma parte das rodagens dos filmes Alvorada Vermelha e A última vez que vi Macau, de João Pedro Rodrigues e de João Rui Guerra da Mata. Em ambos os casos, tomei a experiência de participação na equipa de rodagem como um trabalho etnográfico. Com este texto pretendo fazer uma apresentação do modo de fazer antropologia que esteve na base dos textos que, partindo da referida experiência, escrevi posteriormente. A meu ver, o cinema de João Pedro Rodrigues acede ao real no interior de um modo de descrição que opera por integração nas/das forças que o constituem. Nesse sentido ele assemelha-se às descrições de alguns antropólogos. Mas, tal como no caso destas, a descrição contém já uma interpretação, e essa é indissociável do seu autor. Usando as descrições do cineasta, eu acedi por isso a uma parte do real que de outro modo me estaria vedada. A minha descrição antropológica foi sujeita a uma dobra, visto que trabalhei a partir de uma descrição, feita por um cineasta, daquilo que eu própria havia observado. [...]
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